Quem sou eu

Niterói, RJ
Médico Veterinário que trabalha no tratamento e no estudo de distúrbios de comportamento em cães e gatos. CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/9116323178127878

quinta-feira, 31 de março de 2011

ALTERAÇÕES NO PADRÃO DE COMPORTAMENTO DE CÃES (CANIS FAMILIARIS) IDOSOS, RESIDENTES EM APARTAMENTOS COM SINAIS SUGESTIVOS DA SÍNDROME DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO


Autores: Guilherme Soares; João Telhado; Rita Paixão

Abstract: Modifications in the behavioral pattern of a indoors senior dog’s (Canis familiaris), with clinical signs of separation anxiety syndrome.  In a evaluation conducted with indoors dog’s owners, in Niterói city, 61 (59,22%) of these dogs showed clinical signs of separation anxiety syndrome. In this group, the animals that were over seven years of age showed more passive behavior, when anticipate the owner’s departure. This fact suggests an adaptive mechanism to the reality of “being alone”, however, that does not necessarily means that they have adapted to being alone. 
 
Key Words: separation anxiety, dogs, animal welfare 
 
INTRODUÇÃO
A Síndrome de Ansiedade de Separação (SAS) é um dos problemas de comportamento mais comumente encontrados em cães de companhia (DENENBERG et al, 2001). Pode acometer até 40% dos cães (SEKSEL e LINDEMAN, 2001), e afeta diretamente a qualidade de vida dos animais (MCMILLAN, 2000), além de trazer consigo uma série de inconvenientes aos proprietários. É normalmente descrita como um grupo de sinais que o  animal apresenta quando fica sozinho em casa ou simplesmente afastado da(s) pessoa(s) com que tem maior vinculo. Os comportamentos mais descritos são: vocalização excessiva, comportamentos destrutivos; eliminações inapropriadas (micção e defecação) (APPLEBY e PLUIJMAKERS, 2003), entretanto alguns animais podem apresentar vômitos ou depressão (MCCRAVE, 1991). Os animais começam a modificar seu comportamento quando os proprietários se preparam para sair (APPLEBY e PLUIJMAKERS, 2003). Existem relatos de fatores que possam predispor esse quadro dentre eles: raça (MCCRAVE, 1991), sexo (TAKEUCHI et al, 2001), idade (HOWITZ, 2001), proprietários ansiosos (OFARELL, 1997) e animais que convivem com uma única pessoa (SCHWARTZ, 2003). 
 
MATERIAL E MÉTODOS
Foram distribuídos 161 questionários a proprietários de cães de apartamento no município de Niterói-RJ. Os questionários foram desenvolvidos para identificar sinais compatíveis com a SAS e identificar se algumas rotinas e manejos interferiam de alguma maneira o problema. Nesses questionários havia a pergunta “Como seu cão se comporta quando você se prepara para sair?”. Os questionários foram distribuídos de forma aleatória aos proprietários de cães, em clinicas veterinárias e lojas especializadas no bairro de Icaraí. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 161 proprietários abordados, 103 responderam e devolveram os questionários, e foram encontrados sinais compatíveis com a síndrome em 61 (59,22%) desses, sendo que um dos proprietários não informou a idade do cão, reduzindo o número de animais para 60 nesta análise. Neste grupo de 60, 25 animais tinham idade superior a sete anos e a maioria mostrou reagir de maneira diferente do grupo  de 35 animais com menos de sete anos (χ2=4,571; GL=1; p=0,016, α=0,05) (figura 1). O grupo de idosos, ao antecipar a partida do proprietário se comportou de maneira mais passiva. Os proprietários descrevem mais o comportamento de “ir para um cantinho e ficar quieto” em 19 (76,00%) cães do grupo idoso. O que, comparado aos 17 (48,57%) animais do grupo mais jovem (com menos de 7 anos) que foram descritos reagir da mesma maneira, pode sugerir uma forma de adaptação a uma realidade imutável para esses animais de companhia. Este resultado sugere uma diminuição na qualidade de vida dos cães que, teoricamente, têm mais proximidade e cuidados mais zelosos de seus proprietários.







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APPLEBY, D.; PLUIJMAKERS, J. Separation anxiety in dogs: The function of homeostasis in its development and treatment, Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 33, n. 2, p. 321-344, 2003.
DENENBERG, S.; LANDSBERG, G. M.; HORWITZ, D.; SEKSEL, K. A Comparison of Cases Referred to Behaviorists in Three Different Countries, in: MILLS, D.; LEVINE, E.; LANDSBERG, G.; HORWITZ, D.; DUXBURY, M.; MERTENS, P.; MEYER, K.; HUNTLEY, L. R.; REICH, M.; WILLARD, J. Current Issues and Research in Veterinary Behavioral Medicine: Papers Presented at the 5th International Veterinary Behavior Meeting, Indiana: Purdue University Press, 2005, 300p., p.56-62.
HORWITZ, D. F. Dealing with common behavior problems in senior dogs, Veterinary Medicine, v. 96, n. 11, p. 869-877, 2001.
MCCRAVE, E. A. Diagnostic criteria for separation anxiety in the dog, Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 21, p.247-256, 1991.
MCMILLAN, F. D. Quality of life in animals, Journal of American Veterinary Medical Association, v. 216, n. 12, p. 1904-1910, 2000.
O´FARRELL, V. Owner attitudes and dog behaviour problems, Applied Animal Behaviour Science, n. 52, p. 205-213, 1997.
SCHWARTZ, S. Separation anxiety syndrome in dogs and cats, Journal of American Veterinary Medical Association, v. 222, n. 11, 2003. Disponível em:. Acesso em 27 outubro 2005.
SEKSEL, K.; LINDEMAN, M. J. Use of clomipramine in treatment of obsessive-compulsive disorder, separation anxiety and noise phobia in dogs: a preliminary, clinical study, Australian Veterinary Journal, v. 79, n. 4, p. 252-256, 2001.
TAKEUCHI, Y.; HOUPT, K. A. Behavior Genetics, Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 2, n. 33, p. 345-363, 2003.


Trabalho apresentado em forma de pôster e seu resumo publicado nos anais (na página  207) do no XXV Encontro Anual de Etologia - São José do Rio Preto – 2007

Arquivo do blog