Quem sou eu

Niterói, RJ
Médico Veterinário que trabalha no tratamento e no estudo de distúrbios de comportamento em cães e gatos. CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/9116323178127878

terça-feira, 30 de março de 2021

Estudo do perfil epidemiológico das agressões de cães aos humanos nos municípios de Barra do Piraí, Paraíba do Sul e Paracambi/RJ

 Resumo

Os ataques de cães a seres humanos ocorrem com frequência, visto que o instinto natural da

espécie não foi perdido mesmo com o passar de anos e a ocorrência da domesticação. Com o

propósito de compreender a dinâmica das agressões ocorridas nos municípios de Paraíba do

Sul, Barra do Piraí e Paracambi – RJ, durante os anos de 2018 a 2019, este estudo é pautado

na resposta de questionários aplicados às vítimas dos ataques por cães nos municípios. Entre

os 87 questionários aplicados, foram encontrados 42 casos de agressões caninas,

representando 48,27%. Sendo que os ataques se concentraram em pessoas do sexo feminino,

na faixa etária entre 20 a 45 anos de idade, acometendo os membros superiores e sendo no

período da manhã. Os cães agressores em geral eram machos e sem raça definida. Ressaltando

que os agredidos, não fizeram a profilaxia com a vacina antirrábica e não apresentaram medo

de cães, após o ataque. Conclui-se que a que a maioria das pessoas atacadas não buscou

atendimento clínico, sendo uma medida importante, visto que os cães são veiculadores de

zoonoses, como a raiva, causando um grande impacto na saúde pública da população.

Palavras-chave: Agressividade canina; Comportamento canino; Bem-estar animal, Saúde

pública; Zoonoses.

Para acessar o artigo completo, clique aqui

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Epidemiologia de problemas comportamentais em felinos em Porto-Alegre

A popularidade do gato como animal de companhia vem crescendo, e junto com esse crescente número de gatos, crescem também as queixas de problemas comportamentais dessa espécie. Os problemas de comportamento comprometem o bem-estar dos animais e a qualidade de vida das pessoas que com eles convivem, sendo uma das principais causas de abandono e eutanásia de gatos em alguns países. O objetivo do presente estudo foi avaliar a prevalência dos problemas comportamentais em gatos atendidos pelos médicos veterinários no município de Porto Alegre, RS. Essa avaliação foi feita através de um questionário aplicado em consultórios, clínicas e hospitais veterinários de pequenos animais, para serem respondidos pelos médicos veterinários responsáveis pelo atendimento clínico. Dos 100 questionários respondidos pelos médicos veterinários, 92,0% afirmam que são consultados sobre problemas de comportamento e 72,0% responderam que o cão era a espécie mais consultada. No que se refere aos problemas comportamentais específicos dos gatos, a arranhadura foi a queixa comportamental mais comum citada pelos médicos veterinários (40,0%), seguida de agressividade (39,0%) e eliminação inapropriada com urina (38,0%). A agressividade (73,8%) e a arranhadura (56,9%) foram citadas como as mais frequentes razões que podem levar ao abandono ou eutanásia dos gatos. Os resultados dessa pesquisa destacam a importância de haver maior conhecimento sobre o comportamento normal do gato, e o papel fundamental do médico veterinário clinico na prevenção de problemas comportamentais e no abandono desses animais.
Palavras-chave: epidemiologia; bem-estar animal; comportamento animal; problemas comportamentais; gatos


Artigo completo em...

http://dx.doi.org/10.1590/0103-8478cr20190147 ou

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782019001000602&tlng=en

segunda-feira, 30 de abril de 2018

ESTUDO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS AGRESSÕES DE CÃES AOS HUMANOS EM MUNICÍPIOS DO SUL FLUMINENSE

Os ataques de cães a seres humanos figuram como importante problema de saúde pública, devido ao risco da ocorrência de zoonoses, infecções secundárias, à necessidade de vacinação anti-rábica, e ao possível desenvolvimento de estresse pós-traumático nas vítimas. Com o objetivo de entender a dinâmica dos ataques ocorridos no município de Vassouras – RJ, no período de 2010 a 2017, o presente estudo baseou-se na resposta de questionários às vítimas dos ataques aplicados nos bairros distintos Ipiranga e Grecco, que identificam o perfil da vítima e do agressor, possível desenvolvimento de sequelas psicológicas no que diz respeito ao medo de cães. Entre 322 questionários aplicados, foram encontrados 93 casos de ataques caninos, demonstrando grande ocorrência de ataques no município, com possível potencial zoonótico, casos de subnotificação e gastos com tratamento das lesões ocorridas, destacando a prevalência dos ataques em ambos os bairros

Para acessar o artigo completo, clique no link https://doi.org/10.21727/rs.v8i2.1118

O estudo acima teve continuidade em outros municípios...



quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Tradução e Validação do CBAR-Q

A partir deste artigo, quem quiser usar uma versão em português do questionário comportamental para cães desenvolvido pelo professor James Serpell, da Universidade da Pensilvânia, já tem essa possibilidade.
Quando eu pedi autorização ao Serpell para usar o questionário, ele me autorizou e pediu que o citasse nos agradecimentos. Portanto, acho elegante quem foi usar o questionário fazer a mesma coisa. Agradecer ao Serpell.

Que façamos bom proveito!

http://revistas.ufpr.br/veterinary/article/view/47552/32823

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Dominância Canina


Quando comecei a estudar comportamento dos cães, aprendi que havia entre os cães uma forte necessidade de hierarquia e que tal hierarquia era estabelecida por relações de dominância X submissão. Além disso, que o cão ao ser inserido na família humana buscaria identificar tal hierarquia e ocuparia o posto hierárquico que lhe fosse permitido.
Tal informação foi uma inferência a partir de estudos feitos com comportamentos de lobos em condições não naturais. Lobos Cinzentos que foram capturados individualmente em locais distintos e transferidos para parques nacionais ou santuários. Tal inferência se desenvolveu e deu origem a uma teoria não escrita batizada de “teoria da matilha”. Tal conceito levou e ainda leva muitas pessoas a tentar impor uma liderança conquistada pela força com os cães.
Ao começar os estudos do meu doutorado, em 2008, eu ainda pensava assim. Porém algumas coisas me chamaram atenção:

  • (A)  Os casos que eu atendia, que tinham o contexto de agressão por dominância descrito na literatura, na maioria das vezes aconteciam com os cães com posturas de medo. Quando o esperado seria uma postura altiva característica de um animal que tenta se sobrepor hierarquicamente ao outro. O que também foi descrito por Luescher e Reisner em 20001
  • (B)  Uma das etapas da minha tese foi utilizar o teste de Campbell em filhotes. O teste de Campbell tem o objetivo de testar o grau de dominância dos filhotes. Como o teste fora publicado em 19722 e nunca fora validado, fui tentar validá-lo a partir da comparação de seus resultados com os resultados do etograma das ninhadas3 e vimos que não havia relação entre os escores de dominância obtidos das duas maneiras.
  • (C) Li um artigo4 que questionava as técnicas baseadas em hierarquia usadas para o tratamento de agressão entre cães.
  • (D)   Li o livro da Dra. Tample Grandin5 que falava sobre o bem-estar de animais domésticos e questionava o conceito de dominância canina pelos seguintes pontos: Cães são cognitivamente diferentes de lobos cinzentos e os estudos posteriores feitos com observação de lobos em condições naturais descreveram que estes têm uma hierarquia familiar sem a necessidade do estabelecimento de relações de dominância.

Mas então como é? Vejo alguns autores e algumas associações ainda presos ao conceito da dominância despótica, do cão que quer dominar todos ao seu redor. Mas, eu cada vez mais me convenço que a estrutura social canina é muito mais próxima da estrutura social humana do que da do lobo cinzento. O prof. João Telhado no seu capítulo sobre Comportamento Social canino6 diz com muito bom humor que cães não conhecem o alfabeto grego. Em grupos de cães errantes ou semidomicilados não há a figura do casal alfa, encontrado em grupos de lobos, assim como não há um líder absoluto do grupo.

Então, dominância não existe? Existe. Mas se refere a relações estabelecidas entre dois indivíduos no contexto da prioridade de acesso ou do controle de determinado recurso e pode ser estabelecida de forma pacífica ou agressiva. Assim como há relações de dominância entre seres humanos ou quaisquer outros animais sociais.

Mas, como estabelecer o controle sobre o cão? Confiança. Estabeleça um vínculo de confiança com seu cão. Seja coerente, seu cão precisa saber que determinado comando ou forma de interação acarretará determinada recompensa ou não. E, por fim, eduque seu cão. Ele precisa saber o que ele pode e não pode fazer de forma clara e compatível com sua capacidade cognitiva.


Referências
1-      LUESCHER, A. U.; REISNER, I. R. Canine aggression toward familiar people: a new look at an old problem, Veterinary Clinics of North America, Small Animal Practice, v. 38, n. 5, p.1107-1130, 2008.
2-      CAMPBELL, W. E. A behavior test for puppy selection. Modern Veterinary Practice., v. 53, n. 12, p. 29-33, 1972.
4-      VAN KERKHOVE, W. A Fresh Look at the Wolf-Pack Theory of Companion-Animal Dog Social Behavior, Journal of Applied Animal Welfare Science, v. 7, n. 4, p. 279–285, 2004.

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